ATA DA TRIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 09-11-1999.

 


Aos nove dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e sete minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri - "Dunga", nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 74/99 (Processo nº 1849/99), de autoria do Vereador João Bosco Vaz. Compuseram a MESA: os Vereadores Nereu D'Ávila e Isaac Ainhorn, respectivamente, Presidente e 2º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora Leda Argemi, Secretária Substituta da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Desembargador Délio Spalding de Almeida Wedy, representando o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; a Senhora Gládis Ibarra, representando a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio; o Senhor Arthur Dallegrave, representando o Sport Club Internacional; o Senhor Ibraim Gonçalves, Presidente da Associação das Federações Esportivas do Rio Grande do Sul; o Senhor Edegar Christmann, representando o Conselho Regional do Desporto; o Senhor Edir de Quadros, representando a Federação Gaúcha de Futebol, o Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri - "Dunga", Homenageado; o Vereador João Bosco Vaz, Secretário "ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Bosco Vaz, em nome das Bancadas do PDT, PSB e PPS, discorreu sobre os motivos que o levaram a propor a presente solenidade, ressaltando a atuação do Homenageado como cidadão envolvido com as causas da comunidade que integra e motivo de orgulho para todos os porto-alegrenses. A Vereadora Saraí Soares, em nome da Bancada do PT, saudou o Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri, dizendo ser ele exemplo de cidadania para todos aqueles que lutam pela construção de uma sociedade mais justa, igual e solidária. O Vereador Gilberto Batista, em nome da Bancada do PTB, declarou a justeza do Título hoje entregue, como o reconhecimento da comunidade ao trabalho realizado pelo Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri em benefício da Cidade de Porto Alegre. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, analisou a importância do exemplo para a formação da personalidade dos jovens, destacando o modelo de conduta profissional e pessoal representado pela vida do Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, dizendo que os grandes homens são feitos a partir do equilíbrio entre sentimentos de derrota e vitória, atentou para a responsabilidade e visão integrada de mundo observada na vida do Homenageado. O Vereador Fernando Záchia, em nome da Bancada do PMDB, comentou sua convivência com o Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri, analisando o significado da trajetória futebolística do Dunga para as crianças, como exemplo de que elas podem vencer na vida, para que possam fugir das drogas e sair da marginalização. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, disse que seu Partido soma-se de coração aberto a essa solenidade, "numa homenagem justíssima que a Cidade de Porto Alegre faz a quem de forma tão efetiva se impôs na sua atividade profissional e extrapolou, transformando-se numa liderança positiva" para toda a comunidade. A seguir, foi apresentado vídeo sobre a vida e atividade profissional do Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri. Após, o Senhor Presidente convidou o Vereador João Bosco Vaz e a Senhora Leda Argemi a procederem à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri e, em continuidade, concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e quarenta e sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila e Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador João Bosco Vaz, Secretário "ad hoc". Do que eu, João Bosco Vaz, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Senhoras e Senhores, Vereadores, Vereadoras, autoridades, amigos do Dunga, atletas, enfim, esta é uma Sessão Solene para a entrega do título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Carlos Caetano Bledorn Verri, o nosso famosíssimo Dunga, por proposição do Ver. João Bosco Vaz.

Convidamos para fazer parte da Mesa Diretora dos trabalhos a representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre Sra. Leda Argemi - Secretária Substituta da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer; o nosso homenageado Sr. Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga; o representante do Tribunal de Justiça do Estado Desembargador Délio Spalding de Almeida Wedy; a representante da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio Jornalista Gládis Ibarra; o representante do Sport Clube Internacional - Clube ao qual pertence o nosso Dunga - Arthur Dallegrave; o Presidente da Associação das Federações Esportivas do Rio Grande do Sul, Sr. Ibraim Gonçalves; o representante do Conselho Regional do Desporto, Sr. Edegar Christmann; o representante da Federação Gaúcha de Futebol, Sr. Edir de Quadros.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvir o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O Ver. João Bosco Vaz proponente desta homenagem, está com a palavra e falará pelas Bancadas do PDT, PSB e do PPS.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Na realidade, tenho dito sempre, quando converso com os companheiros, que é muito fácil falar no Dunga, jogador de futebol; falar no Dunga, capitão, tetracampeão; falar no Dunga, que jogou no Japão, que jogou na Alemanha; no famoso Dunga!

É claro que vamos reverenciar tudo isso, neste momento, agora, o importante é que Porto Alegre resgata, nesta homenagem, através da Câmara Municipal, na proposta deste Vereador, teu amigo, mas com a aprovação unânime dos outros 32 Vereadores, também a cidadania do cidadão Dunga, pai de família; do cidadão Dunga, o amigo; do cidadão Dunga, um dos patronos do Instituto do Câncer Infantil; do cidadão Dunga, que consegue tempo, na sua agenda, para visitar as escolas, em Porto Alegre, como está fazendo agora, num projeto coordenado pelo Jornalista Cláudio Diestmann. E lá vai o Dunga, com a sua paciência de homem de bem, de cidadão, ouvir as crianças, ouvir as comunidades carentes e recolher alimentos para que essas entidades carentes possam sobreviver.

Você, Dunga, famoso, rico, cidadão do mundo como tantos outros, poderia cruzar os braços e ignorar o seu irmão, ignorar aquele chefe de família que não tem emprego e que não tem o que colocar na mesa para seus filhos comerem. Quantos fazem isso? Você, Dunga, é cidadão de bem, traz amor no coração, traz bondade no coração, traz solidariedade. Nós estamos às vésperas do 3º Milênio, oxalá possamos, Dunga, pregar a solidariedade num mundo competitivo, em que as pessoas não medem as conseqüências em busca do seu lugar ao sol, em que as pessoas desesperadas precisam sobreviver. O espaço é cada vez menor, mas você tem conseguido esse tempo e tem enfrentado adversidades. Todos nós sabemos que você poderia ter ficado no exterior, poderia ter jogado no Flamengo, no Santos, no São Paulo, no Corinthians, mas nunca esqueceu a sua terra, os seus amigos e decidiu voltar a Porto Alegre. Veja quantos amigos seus estão aqui hoje. O Palmeiras enfrenta o Internacional amanhã e poderia ter treinado à tarde, viajado no final da tarde para Porto Alegre, mas o Luís Felipe, seu amigo, técnico consagrado, que estará em Tóquio no dia 30, disputando o título mundial, que foi o seu técnico no Japão, fez o treino pela manhã, fez a delegação viajar no início da tarde para vir aqui homenageá-lo; seu companheiro Zinho, craque de bola, cidadão do mundo, poderia estar concentrado no hotel, mas está aqui, veio apoiá-lo; Sr. Orlando Kuhn, que viu você nascer e se criar dentro do Internacional; o Ney, cabeleireiro; seus companheiros do Internacional, Gonçalves, Almir, Marquinhos, Dudu, Hélio, Chamum, o Vice-Presidente, Luiz Fernando Záchia, que daqui a pouco, como Vereador, usará esta tribuna.

Então, veja, meu amigo Dunga, o quanto é importante o homem saber plantar para, depois, colher. Diz o ditado popular que “o que levamos desta vida são as amizades”. Todos nós somos iguais, embora uns mais privilegiados, outros menos. Fico olhando a sua família, a Vanda, sua esposa, o Bruno, a Gabriela e imaginando quantas e quantas vezes eles tiveram que abrir mão daquilo que pretendiam, para poder acompanhar o chefe da família. Quantas e quantas vezes, como profissional, você não pôde embalar um filho que chorava a sua ausência; quantas e quantas vezes a sua esposa necessitou decidir e não tinha o marido próximo para ouvir aquela palavra de conforto. Por tudo isso é que você merece esta homenagem de Cidadão de Porto Alegre. Muitas pessoas já foram homenageadas com essa láurea aqui nesta Casa, e outras tantas, com certeza, merecerão esta homenagem, mas poucos, muito poucos, têm o seu perfil, de cidadão que nasceu e cresceu em Ijuí, que soube dar a volta por cima em determinadas situações que pareciam irreversíveis. Hoje, você está aqui, capitão do tetra, cidadão do mundo, pai, que, mesmo à distância, soube dar o exemplo aos filhos, amigo que nunca virou as costas àqueles que iniciaram com você, mas que não tiveram a mesma sorte.

Esse título de Cidadão de Porto Alegre tem a intenção de resgatar a homenagem que Porto Alegre faz ao Dunga, através da Câmara Municipal. Hoje, você, que nasceu em Ijuí, é cidadão do mundo e Cidadão de Porto Alegre. Muito obrigado e parabéns.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Saraí Soares está com a palavra, pela Bancada do PT.

 

A SRA. SARAÍ SOARES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores presentes, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, nessa Sessão histórica, primeiro, eu quero fazer um agradecimento especial ao nosso Ver. João Bosco Vaz que nos dá, hoje, a oportunidade e o prazer de entregar esse título ao nosso homenageado, que o Ver. João Bosco já teve o prazer de tecer elogios a sua pessoa.

Ouvindo o Ver. João Bosco Vaz falar, fiquei pensando que depois que todos falarem sobre a questão da Copa do Mundo, do show de bola que o Dunga dá, do título, das medalhas, eu que entendo muito pouco de futebol pensei, vou falar do cidadão Dunga. Aí chega o Ver. João Bosco Vaz e rouba a cena. Falou tudo que nós soubemos e que ele, como grande radialista que é, conhece muito bem. Mas mesmo assim, quero dizer ao nosso homenageado Dunga que hoje vou ser redundante, pois quero reafirmar tudo o que o Ver. João Bosco Vaz disse aqui.

As observações que eu faço e que vejo muitos gremistas como eu, também, fazerem, e acho importante fazer esse registro, aqui, é dizer que sou uma gremista, que sou fã do Dunga e que conheço muitos e muitos gremistas que são fãs do Dunga também, e muita gente no País inteiro e no mundo é fã do Dunga, e não é só porque o Dunga joga bola e joga muito bem.

Eu até anotei algumas coisas para dizer. Pensei: não vou ir na Sessão Solene falar para o Dunga, sem deixar registrado o que eu vejo todos falarem por aí e as pessoas sempre quando falam no Dunga, falam da questão do esporte - é impossível esquecer. Mas, quero dizer, Dunga, que a contribuição que tu tens a dar para o mundo, para o nosso País, para a nossa Cidade, vem dessa pessoa que tu és, com esse comportamento tranqüilo, firme, determinado, humilde. Este exemplo de cidadania que tu dás quando jogas, pela forma como te comportas, é a maior contribuição que poderias dar a todos nós, que estamos na luta para construir uma sociedade mais justa, mais igual, mais humana. É importante termos astros, como tu, dando esse tipo de exemplo, fazendo da sua vida uma doação completa ao esporte, com toda a dedicação, como é do conhecimento do mundo inteiro, e dedicando o escasso tempo que resta para praticar atos tão nobres como os que foram citados pelo Vereador João Bosco Vaz.

Eu gostaria que esse fosse o comportamento de todos os atletas citados pela mídia, que, às vezes, fala mal de alguns, porque os nossos jovens, os nossos adolescentes carecem de exemplos e de atitudes assim, que provam que quem é astro, quem está na mídia, quem produz opinião, é capaz de ser solidário, de ser humilde e de ser firme quando é preciso. Foi assim que todo mundo viu o Dunga capitão da seleção brasileira. Depois, voltando para a nossa Cidade, para o seu time do coração. E hoje, Dunga, tu nos dá esta grande oportunidade, de te entregarmos o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre. Todos estamos de parabéns. Parabéns ao Dunga, parabéns a nós e parabéns ao Vereador João Bosco Vaz! Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a palavra, para falar em nome da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro.

 

O SR. GILBERTO BATISTA (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu queria saudar a presença do técnico-campeão, Luís Felipe Scolari, e também dos atletas que estão aqui prestigiando este ato, o Gonçalves, o Almir e o nosso grande craque do Palmeiras, o Zinho. E aqueles atletas que, porventura, não identificamos, que sejam também saudados através da pessoa do Dunga.

Dunga, hoje eu tenho a satisfação e a alegria de estar nesta tribuna para fazer esta linda homenagem, neste ato solene, em que tu recebes o título de Cidadão de Porto Alegre.

Este título, no entendimento deste Vereador e de muitos aqui presentes, colorados, gremistas, diretoria, é, sim, pela sua passagem pelos campos de futebol. Mas, no dia em que estávamos votando esse título, foi enfatizada por vários Vereadores desta tribuna toda uma caminhada do Dunga, não só pelos campos de futebol.

E antes de deixar aqui algumas palavras, quero-te dizer que o meu voto foi pelo Dunga, o atleta, o campeão e o não-campeão.

Mas o voto deste Vereador e acredito que os da Bancada dos sete Vereadores do PTB, foram no sentido da tua caminhada pública, das tuas atitudes que demonstras não só pela Cidade, mas para o País e o Mundo.

Esse título de Cidadão de Porto Alegre foi escolhido e votado pelos Vereadores, pela tua garra, pela tua humildade, pela conquista do teu objetivo pessoal, que tu deves trazer contigo há muito tempo, objetivo que tu determinaste para ti mesmo.

Este título é pelo trabalho comunitário que tu desenvolves junto ao Instituto do Câncer e em outras atividades das quais nem este Vereador nem outras pessoas ficam sabendo. Por isso eu te parabenizo, e por isso eu votei favoravelmente a este título.

Este título é por tua liderança natural, de muito tempo.

Este título, Dunga, te é dado por tua dedicação profissional intocável, exemplar. Cito, como exemplo, um fato bem recente, protagonizado pelo meu técnico, pelo meu professor, pelo nosso técnico, melhor dito, porque a torcida do Internacional é um todo - quando eu digo “eu”, quero-me referir a toda a nação colorada -, o professor Leão, quando “saca” o Dunga do time e o coloca na reserva. Tu tiveste hombridade; em nenhum momento este Vereador ouviu, de ti, algum desagravo, algum comentário para a imprensa, de desilusão, de irritação. Isso é profissionalismo. Tu, com tua atitude ímpar, exemplar, soubeste, resignadamente, comportar-te diante da atitude do teu professor, do teu comandante. Com esse teu comportamento, tu mostraste que és um profissional.

Este título também é dado a ti pelo teu carisma, percebido pelas pessoas que te olham pela tevê, que convivem contigo, pelas pessoas que te escutam pelo rádio e pelas pessoas que talvez nunca te tenham visto, mas que escutaram o Capitão Dunga.

Quero, em minha vida, seguir o teu exemplo. Humildemente, digo-te, que este Vereador tenta seguir, não teus passos dentro do futebol, dentro do campo, mas sim tua atitude exemplar, profissional. Este Vereador tenta seguir-te como parlamentar, como cidadão de Porto Alegre, este Vereador que tem a sua profissão e que quer dar o melhor de si. Por essa tua imagem que eu resgato para mim em minhas atitudes com minha família, com minha profissão, como parlamentar, em todas as atitudes de minha vida, eu quero-te dizer: “Obrigado por sua atitude”.

Quero agradecer à Câmara por homenageá-lo e quero dizer que Porto Alegre, realmente, ganha mais um Cidadão de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaria de registrar as presenças dos Vereadores, Isaac Ainhorn, Sônia Santos e Maristela Maffei. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra e falará em nome do Partido Progressista Brasileiro.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Prezados familiares do nosso homenageado, Sra. Evanir da Silva Verri, esposa; Bruno e Gabriel, filhos; Edelseu e Maria Verri, pais; Iracema da Silva, sogra; Eroni da Silva, cunhada; Rafael da Silva Fontoura, sobrinho; Orlando Kuhn, padrinho de crisma do Dunga; Vera. de São Sebastião do Caí, Sra. Maria Helena e seu esposo Cláudio, atletas, técnicos, desportitas, amigos. Um dos pontos que com mais freqüência temos trazido à atenção desta Casa. e da população em geral é o que diz respeito à formação de nossos jovens.

Muitos desses jovens, quando se desencaminham na vida, fazem-no por carência de modelos adequados, seja na própria família, seja no meio social mais próximo, ou seja na sociedade .

Mas, muitos outros se perdem por acompanhar modelos inadequados, pervertidos, inservíveis e que, infelizmente, se imiscuem em praticamente todos os segmentos da sociedade.

Por isso, senhoras e senhores, é com enorme satisfação que, em nome da Bancada do PFL, que tenho a honra de integrar, acompanhado pelos nobres Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, associo-me por inteiro à homenagem que, hoje, se presta a este excepcional atleta que é Carlos Caetano Bledorn Verri, que o mundo inteiro conhece por seu nome profissional: Dunga. É tal o seu prestígio que, ao buscar informações sobre sua carreira, na Internet, encontrei 3.151 referências a Dunga, nos quatro cantos do mundo.

O reflexo desse prestígio, nesta Casa, é que o título honorário que, hoje, lhe é concedido, de Cidadão de Porto Alegre, por iniciativa do ilustre Ver. João Bosco Vaz, foi aprovado por unanimidade, pelos 33 vereadores de Porto Alegre. E tenho certeza de que se o número de Vereadores fosse 100, 500 ou mil, o resultado seria o mesmo.

Pois Dunga é uma dessas raras unanimidades inteligentes que aparecem, de tempos em tempos, em nosso meio.

E afirmo que é uma unanimidade inteligente porque é difícil, se não impossível, deixar de reconhecer o papel importante que Dunga tem representado no esporte porto-alegrense, gaúcho, nacional e mesmo internacional.

A satisfação que tenho em homenagear Dunga, manifestada após o preâmbulo deste pronunciamento, não é apenas porque Dunga é um bom desportista, um craque na verdadeira acepção da palavra, cuja atuação prestigia e dá renome ao esporte de nossa terra.

Minha satisfação tem maior sentido pelo reconhecimento da sua condição de líder incontestável das equipes onde atuou. Cresce e se agiganta essa satisfação por ser Dunga, na condição de ídolo dos jovens, um dos melhores modelos que se lhes poderia apresentar, seja como desportista, seja como cidadão, seja como chefe de família.

Homem simples, de hábitos conservadores e caráter irrepreensível, perseverante, lutador, que persegue com fé e tenacidade os seus objetivos, Dunga pode, com toda a certeza, ser apresentado aos jovens como exemplo a ser admirado e, especialmente, a ser seguido.

Oxalá pudéssemos ter, em todas as áreas de atuação, muitos homens do porte e da estrutura moral de Dunga, pois teríamos, então, a admiração dos jovens voltada para modelos que ajudam a construir positivamente a sociedade, preparando o futuro para uma vida melhor.

Parabéns, Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, novo Cidadão de Porto Alegre, que Deus te abençoe e te conserve sempre o excelente exemplo para os jovens que hoje és. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo, que falará pelo PSDB.

 

 O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Caríssimo Dunga! A consagração de um autor está diretamente ligada nem sempre ao seu texto, mas ao sucesso dos seus personagens. Jamais os Irmãos Grin sonharam que, ao criar a Branca de Neve e os Sete Anões, um deles seria tão famoso. E não por ser personagem de uma história infantil, mas por semelhança, em um determinado momento, com um dos maiores atletas deste século. Se somente a aparência física fosse importante, certamente a forma não se manteria.

É indispensável para um personagem criar uma saga que se encaixe perfeitamente com o ser que a percorre. E o nosso homenageado, os dois, se confundem,  o nome e uma trajetória notável.

Aparentemente, em seu entorno, circula a fama e todas as facilidades dela resultantes. Parece que foi adotado pela felicidade. A idolatria e o sucesso são suas companhias permanentes, apenas a aparência. Nada tão ilusório ou ledo engano, ledo engano, Dunga. Tua vivência tem sido de vitórias e derrotas. Vitórias que te colocaram no topo do universo, sendo endeusado por milhões de espectadores. Vitórias até, às vezes, enganosas. Na sua embriaguez, em seu doce sabor, são incluídos, além de alguns momentos de gozo intenso, mas efêmero, um número muito pequeno de ensinamentos. A vitória é a euforia dos cinco sentidos, a vitória não é a hora do aprendizado. E, no entanto, foste traçando teu próprio destino, como diz o Hino do Inter, na senda de vitórias. Tens a vocação do sucesso. Mas aprende-se, na verdade, muito mais, com derrotas frustrantes, deprimentes, que colocam o ser humano em crise. E somente na crise, na incerteza, no amargo gosto da derrota é que se descobre a verdadeira saída para os nossos dilemas. Mas não nasceste para o fracasso. As grandes figuras da humanidade foram produzidas pelo equilíbrio destes dois sentimentos, a euforia e a depressão, vitórias e derrotas deverão, necessariamente, equilibrar para desenvolver vencedores. E pode-se acrescentar, entre as exigências do êxito, uma origem. Lá na linda e longínqua Ijuí, tão importante reduto da nossa história missioneira, Dunga, lá estão as tuas raízes, o início da tua história; teus pais, tua gente, nascidos da miscigenação italiana e alemã, que o início deste século privilegiadamente proporcionou ao Rio Grande do Sul. É ali a forjaria, é ali o nascedouro de uma grande personalidade. Vieste menino para uma cidade que te acolheu, onde um clube maravilhoso, o teu profundo esforço, os olhos zelosos de um rio amigo, e um vento sudoeste chamado minuano te empurravam para a frente. Moldaram a fôrma que usarias em toda a tua passagem pelo mundo do futebol para, enfim, transformar-te num cidadão do mundo.

Gostaria muito que estivesse aqui - e talvez até esteja mesmo -, com seu olhar sonolento, com sua voz fanhosa, com seu sorriso debochado, o grande Abílio dos Reis, para nos contar como começaste a jogar futebol, o teu vôo em direção ao infinito. Não foi só um desfile nos campos de futebol, do teu suor exemplar, da tua competência, foi também um rico aprendizado de línguas diferentes, exóticas como seus povos e, por fim, adquiriste o que invejo, uma invejável visão integrada de mundo. Proporcionaste, junto com a tua mulher, uma educação completa e variada para teus filhos; poucos brasileiros têm essa felicidade. Ainda estamos num País que busca a complementação das necessidades primárias do seu povo. És um exemplo a ser seguido. pelos meninos que, à tua volta, pedem um autógrafo; eles não têm consciência, eles não sabem que estás devolvendo a eles a maior doação que um indivíduo pode gerar ao inconsciente coletivo que o cerca: o exemplo da garra, da dedicação, do desprendimento, sim, mas a preocupação permanente com retribuição, diminuindo o sofrimento de crianças geradas na usina infame das mazelas sociais; anonimamente, sem alardes, com a discrição que te caracteriza.

Da tua trajetória esportiva, com detalhes, todos sabem, todos vão falar, todos vão lembrar. Gostaria de me dirigir ao ser humano que enriquece nossa Cidade com a escolha de aqui viver.

A fita adesiva, na parede, de um pedaço de jornal com manchas escuras de óleo, denunciavam os fundos de uma oficina mecânica. No recorte, o destaque de uma entrevista tua, que, para os operários funcionava como uma lição de vida: “Quando comparecemos pontualmente ao trabalho, não estamos apenas cumprindo um contrato, estamos demonstrando respeito aos nossos colegas.”

Eis o homem, eis o exemplo, eis o sentido de grupo.

Daqui a algum tempo, Dunga, quando, junto com a tua família, ouvires a doce algaravia dos netos à tua volta, quando a velhice te tornar um cidadão comum, um rosto na multidão, um lendário campeão de cabelos brancos, quando tua privacidade já não for perturbada, quando o cidadão discreto e pacato preponderar sobre a estrela, lembrarás o dia de hoje. Voltarás teu olhar para as ruas de Porto Alegre, para suas pedras; de cada uma delas, das pedras dos descaminhos desta Cidade, ouvirás o alarido de um estádio cheio, como se a Cidade inteira coubesse dentro dele. E, numa reciprocidade invulgar, o seu povo mostrará todo o caminho e a admiração ao te adotar, Cidade de Porto Alegre, por inteiro, como um ser mitológico, como a mais real de suas lendas, como um amor plenamente correspondido. E, então, velho guerreiro, poderás dormir e, dormindo, adquirirás o direito de sonhar, sonhar um sonho de menino que um dia quis ser campeão do Mundo e, em plena era Dunga, o foi. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Peço escusas a todos os presentes, mas tenho que me ausentar para atender compromissos anteriormente assumidos. Solicito ao Ver. Isaac Ainhorn que assuma a presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra pela Bancada do Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nosso homenageado Dunga, e, na pessoa do ex-Presidente Arthur Dallegrave, cumprimento todas as autoridades da Mesa.

Falar mais no Dunga, depois de todos esses oradores, torna-se difícil, até pela convivência diária que temos no Sport Club Internacional. Mas, através dessa convivência, eu tive a oportunidade de conhecer um pouco mais o outro lado do Dunga. Conhecia-o como torcedor, como homem que gosta de futebol e conhecia a figura do jogador, do craque, do homem das conquistas. Mas no cotidiano, na função diária, de dirigente de futebol, com o profissional, passei a conhecer o outro lado, o homem Dunga, esse lado que, sem dúvida alguma, o Ver. João Bosco Vaz, nesta feliz iniciativa, nesta justa homenagem, quis e conseguiu, Luiz Felipe, fazer com que Porto Alegre pudesse homenagear essa figura que projetou, e muito, a nossa Cidade, mesmo não sendo porto-alegrense! Quantas vezes projetou Porto Alegre, através do Internacional, nas viagens, nos aeroportos, nos hotéis, nos campos, principalmente no Beira-Rio, quando aquela meninada, aqueles jovens vão lá no estádio de futebol e vêem no Dunga o seu grande ídolo. Aquilo, na visão do dirigente, não era gratuito. Por que será que esses jovens sempre olham para o Dunga e vêem no Dunga um ídolo? Pela sua trajetória futebolística, somente? Parece-me que não. A trajetória futebolística do Dunga é excepcional, os títulos de sua história nos mostram. Mas existem outros grande jogadores, a exemplo do Zinho, o Gonçalves, o Almir, jogadores que também têm uma biografia, uma trajetória vitoriosa. Então, por que esses meninos? Porque através de ações sociais e da preocupação social que o Dunga tem, essas crianças, que às vezes podem estar, Vera. Maristela, mais próximas das drogas, mais próximas da marginalização, quando o Dunga vai nas escolas, levando o seu carinho, a sua história, a sua biografia de homem de futebol, começam também a direcionar as suas atividades para o futebol, para o esporte.

Há algo mais salutar para um jovem do que a prática do esporte? Esse é um exemplo. Essas crianças vão lá no Estádio Beira-Rio e começam a procurar o Dunga, querendo um autógrafo do Dunga, querendo conversar com o Dunga. E o Dunga lhes dá o seu carinho e a sua atenção, fazendo com que isso lhes sirva de estímulo, fazendo com que esses meninos também pensem no Dunga quando veio de Ijuí, quando conquistou o Brasil e o Mundo através da sua atividade profissional, mas, principalmente, através da sua conduta, como um exemplo.

É isso que nós queremos, Ver. João Bosco Vaz, nós, Vereadores, que queremos uma Cidade mais saudável. Nós queremos uma Cidade com menos meninos drogados, com menos meninos marginais, com mais esportistas. O exemplo do esportista, do homem vitorioso, do homem que ganhou? Isso o Dunga é, todos nós sabemos. Mas nós queremos que ele possa passar para esse meninos, que o vêem como um grande ídolo, a iniciativa e o exemplo de que eles podem vencer na vida, mesmo não jogando futebol, mesmo não sendo desportistas, para que possam fugir das drogas e sair da marginalização. Ora, se ele conseguir isso, se trabalha, se tem atenção, tempo e disposição para isso, ele terá conquistado não só Porto Alegre, mas a sua consciência, ele terá vencido na sua profissão e como homem.

A primeira vez que tive contato com o Instituto do Câncer Infantil foi há 6 ou 7 anos, numa entrevista e participação do Dunga, parece-me que logo depois da Copa de 90, onde ele fez uma contribuição ao Instituto. Ali o conheci, como também outras pessoas maravilhosas, inclusive o Dr. Brunetto está aqui. Eu comecei a ver o que era a preocupação social desse jogador de futebol. Até então eu nunca havia conversado com o Dunga. Esse homem do Mundo, que jogou na Alemanha, na Itália, depois no Japão, sempre se preocupou com as crianças portadoras de câncer, com aqueles pais sofridos. Sempre que vinha a Porto Alegre, ele tinha a preocupação de visitar o Hospital de Clínicas, através do Dr. Brunetto, e passar a mão na cabeça dessas crianças que, talvez, não tivessem um estímulo de vida, que talvez tivessem câncer e não sabiam se durariam um ou dois anos. Hoje, cada vez mais, se consegue que essas crianças possam viver mais, isso é um exemplo. Esse homem, que tinha pouco tempo de convivência com os seus amigos e familiares em Porto Alegre, dedicava, desse pouco tempo, um conforto às crianças do Instituto, do Hospital de Clínicas, para dar incentivo e exemplo. Nós teríamos diversas razões, “n” motivos para falar e homenagear, mas para mim essas razões são extremamente convincentes. Eu fico orgulhoso, não como Vereador de Porto Alegre, não como Vice-Presidente de Futebol do Internacional, mas como homem, porque Porto Alegre pode, entre tantas homenagens, homenagear uma pessoa que fez muito por esta Cidade e que, cada vez mais, poderá fazê-lo.

Dunga, meus parabéns! De tantos títulos que Porto Alegre já concedeu a pessoas que mereciam e que fizeram muito por esta Cidade, aqui está o Dunga, que fez e tem muito ainda o que fazer. Parabéns e muito obrigado!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em nome do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, autoridades presentes, Senhores e Senhoras. A máxima bíblica diz que os últimos serão os primeiros. No jargão esportivo isso jamais vai ocorrer.

Eu me sinto, Dunga, mais ou menos naquela situação do atleta sentado no banco, que na undécima hora é convocado pelo “Felipão” do dia, que diz: vai meu filho, faz a tua parte.

Depois de ter ouvido todos esses pronunciamentos que ouvi, Desembargador Délio Spalding de Almeida Wedy, com a vida do Dunga, suas características pessoais, os seus feitos serem decantados por quantos oradores, com muito brilho, já o fizeram, não me caberia outra coisa senão subscrever tudo o que foi dito, dizendo que, na palavra dos nossos companheiros de representação popular, o Partido da Frente Liberal se soma e o faz de coração aberto, numa homenagem justíssima que a Cidade de Porto Alegre faz a esse cidadão que, de forma tão efetiva, se impôs na sua atividade profissional e a extrapolou, transformando-se numa liderança positiva, conforme já foi amplamente decantado nesta tarde.

Pessoalmente, eu me arriscaria a aduzir tão-somente um comentário. O Zélio Hocsman, meu companheiro no Conselho do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, meu amigo pessoal, sabe que, no meu conceito de jogador de futebol, uma característica eu jamais vou abrir mão: eu sempre entendo que um jogador de futebol tem que ser, sobretudo, um homem responsável, que acredita no que faz e o faz com vigor, com determinação e, sobretudo, com consciência profissional, e se tem alguém no futebol brasileiro que pode ser apresentado com essas características, sem dúvida é o Dunga. Lembro-me que num momento em que as cores nacionais não haviam tido o sucesso que, depois, nos quatro anos seguintes, haveriam de receber, a imprensa do centro do País especialmente, dizia que a era Dunga havia terminado, e o Dunga era identificado como o futebol feio do Rio Grande do Sul, que era feio e ganhava títulos. O Felipão por muito tempo também foi objeto desse tipo de crítica, e o Dunga que, como qualquer cidadão, busca o sucesso, colocado perante a opinião pública como símbolo de uma época que não era positiva, que não contava vitórias para o País, não se alterou, continuou envergando a camiseta da seleção brasileira, em que pese o desaconselhamento dos chamados “doutores” do futebol, e quatro anos depois, aquela era que se pretendia ver soterrada, estava revigorada e proclamada como símbolo da grande vitória de 94.

Como eu sou um homem de luta, como as coisas para mim nunca aconteceram por obra e graça do acaso, como eu sempre procurei no trabalho, na dedicação, realizar minhas atividades, eu me identifico na forma como tu atuas no campo de esporte, o que traduz o teu caráter, a forma como tu encaras a vida e, sobretudo, a tua consciência de cidadania diante da responsabilidade que a ti é colocada nas várias circunstância que tu vivencias.

Porto Alegre, como foi dito anteriormente, sente-se muito bem, sente-se gratificada em ver o teu nome incluído na galeria dos cidadãos honorários de Porto Alegre. É um grande exemplo, é um belo exemplo, é um formidável exemplo, que temos que perenizar, deixando bem claro que um jogador de futebol, essa paixão nacional, se impôs ao respeito de todos: da gremista Saraí Soares ao colorado Cláudio Sebenelo, do gremista Reginaldo Pujol ao colorado Gilberto Batista, do gremista João Carlos Nedel ao colorado Fernando Záchia. Fomos conduzidos pela sabedoria do Vereador João Bosco Vaz, que, pensando por todos nós, teve a sensibilidade de trazer o nome de Dunga à colação desta Casa, para que todos nós, pelos mais diversos motivos, pudéssemos hoje fazer esta homenagem a ti, Dunga, e agradecer pelo que fizeste de exemplar para as novas gerações. Fizeste da tua luta, do teu trabalho, um exemplo maravilhoso que a juventude brasileira, e especialmente a gaúcha, certamente vai seguir.

Muito obrigado, Dunga, pelas vitórias do campo de futebol! Mas muito obrigado, mesmo, pelas vitórias do campo da vida! Homem de caráter, sempre serás reconhecido pela sociedade. Assim, Porto Alegre se rendeu a essa evidência, e com muita justiça te atribuiu o título de Cidadão. Volte sempre aqui nesta Casa, porque daqui para diante tens autoridade e irás integrar o nosso Conselho de Cidadãos Honorários e certamente somar mais pontos ainda com esse trabalho comunitário relevante que tu realizas e que nos dá a tranqüilidade de podermos te homenagear com o coração aberto e com a certeza de que estamos homenageando um grande cidadão: o cidadão Dunga, cidadão do mundo e hoje também cidadão de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos a todos para assistirem a um vídeo sobre a vida do nosso homenageado.

 

(É feita a apresentação do vídeo.)

 

Neste momento, convidamos o autor do presente Projeto de Lei, Ver. João Bosco Vaz, para que faça a entrega do Diploma representativo da Lei de concessão do título de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Carlos Caetano Bledorn Verri, o nosso Dunga, bem como convidamos a Sra. Leda Argemi, representante do Sr. Prefeito Municipal, para fazer a entrega da medalha da Cidade de Porto Alegre ao nosso homenageado.

 

(É feita a entrega da medalha e do título ao homenageado.) (Palmas.)

 

Dando continuidade a esta Sessão Solene de concessão do título de Cidadão de Porto Alegre ao Dunga, temos a honra, neste momento, de passarmos a palavra a ele, momento maior em que o nosso homenageado terá oportunidade de se manifestar.

 

O SR. CARLOS CAETANO BLEDORN VERRI: Exmo. Sr. Presidente, Ver. Isaac Ainhorn, (Saúda os componentes da Mesa.), meus familiares, meus amigos, amigos de profissão - fizemos, juntos, o caminho da nossa vida -, Vereadores que me deram esta condecoração, especialmente o Vereador e amigo João Bosco Vaz.

Ouvindo falarem a meu respeito, eu estava pensando: “Aumentou a minha responsabilidade, ou não?” No início, eu pensei: “Ela cada vez aumenta mais.” No entanto, refletindo melhor, eu pensei que a minha responsabilidade não aumentou em nada, pois como cidadãos, não só eu, mas todos, nós temos de fazer alguma coisa para modificar, para auxiliar os nossos amigos, os nossos companheiros.

A nossa vida não é como se quer que ela seja, e sim como a fazemos ser. Então, Porto Alegre não é como gostaríamos que ela fosse e sim como fazemos com que ela seja, com a nossa participação, com as nossas atitudes. Na vida pode-se vencer de diversas formas: com sorte, com um certo talento, mas nunca sem trabalhar. Só se consegue vencer com trabalho. O Zinho, que trabalhou comigo e está aqui presente, sabe disso. Quando na seleção, nós tínhamos, na nossa mente, que nós deveríamos dar o exemplo, a uma nação, de como se faz para vencer. Hoje nós falamos muito em buscar modelos, e a nossa seleção queria dar, ao Brasil, o modelo de como se vence. Não se tem uma fórmula para vencer, mas alguns itens têm de ser observados, como a dedicação, a perseverança, a humildade, a disciplina, a superação.

Disciplina, muitas vezes, as pessoas pensam que é cumprir horário, que é cortar o cabelo, que é estar bem vestido. Isso é um respeito consigo mesmo e com os demais companheiros. A disciplina é conseguir-se fazer, na nossa profissão, o melhor possível, com amor, com paixão, com dedicação.

Quanto ao trabalho que eu faço em Porto Alegre, ajudando as pessoas, não é tanto pelo alimento; as pessoas precisam de carinho, de atenção, de afeto, precisam que alguém esteja olhando por elas. O maior problema do jovem, que o torna revoltado, é pensar que ninguém olha por ele, que ninguém “dá bola” para o que ele faz, para suas atitudes, para a sua formação. Nós temos que contribuir desta forma: dar atenção, dar cinco minutos de conversa. Passar a mão na cabeça de uma criança, muitas vezes, não é muito, mas para essa criança, um ídolo, um artista, um jogador de futebol, um político, essas pessoas dando-lhe essa atenção, seguramente, faz com que essa criança se torne mais amável, mais dócil, mais dedicada aos estudos.

Esta homenagem me enriquece muito, porque nunca iria imaginar que a recebesse, um menino, vindo de Ijuí há mais de duas décadas, tentando ser um atleta profissional, e a única coisa que tinha era determinação, perseverança, dedicação e amor ao futebol. Através do futebol, conheci vários Países, joguei em grandes clubes e retornei a minha Cidade natal, não de nascimento, mas por adoção. Morei em cidades maravilhosas, como Firenze, berço da cultura mundial, mas tinha uma ligação muito forte com Porto Alegre, onde conheci minha esposa, onde nasceram os meus filhos, formei vários amigos nesta Cidade e queria retornar, assim como retornei para o meu clube do coração, onde iniciei, onde tive a primeira oportunidade para me tornar um jogador profissional. Na nossa vida, alguém sempre tem que abrir a porta para nós. Então, eu tento, juntamente com os jovens e outros amigos, abrir a porta para outros jovens para que eles sejam alguém na vida. Se for através do esporte, melhor, mas dando a oportunidade para que possam ser homens, ser cidadãos, ter uma oportunidade, talvez não no futebol, mas que sejam bem sucedidos em outra profissão. Como em tudo, temos que ter respeito, mas, temos que nos respeitar, em primeiro lugar, para sermos respeitados. Foi com esse respeito que consegui tantos amigos dentro do futebol. Citar todos o nomes, seria difícil, mas citarei um: o Professor Luiz Felipe, com quem trabalhei no Japão, por pouco tempo e que está presente, me prestigiando. Isto deixa-nos satisfeitos, porque alguma coisa de positivo, alguma coisa de concreto conseguimos realizar na nossa vida. Dentro do futebol, como na nossa vida, o que vale é a amizade. Tudo passa na vida, mas a amizade fica. Consegui reunir tantos amigos. Fico muito gratificado e emocionado com esta homenagem. Sempre temos um preço a pagar, na vida, para conseguirmos os nossos objetivos. Vencer uma vez, pode ser uma casualidade, mas vencer, novamente, depende do preço que queremos pagar para conseguir ficar sempre no topo, aí, aumenta a responsabilidade. Não é querer ser demagógico, mas os atletas têm uma questão social muito importante, comentava com o Zinho que está presente, que a nossa função ia além de ser atleta profissional, como estamos sempre na mídia temos que dar o exemplo, dar um caminho, uma diretriz para os jovens se espelharem, não só no atleta profissional, mas no homem. Acredito que atrás do sucesso de cada um está o ser humano, e ele tem que ser tocado em todos os sentidos.

Espero poder sempre contribuir com Porto Alegre. Quero agradecer a Porto Alegre, porque há duas décadas recebeu-me de braços abertos. E está-me recebendo, novamente, também a minha família, neste momento, com este título.

Por isto quero agradecer a todos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrarmos a Sessão, não poderíamos, ainda que de forma sucinta, deixar de dizer que as manifestações do Dunga, ao final, rigorosamente, nos confortam por termos deliberado pela concessão do título.

Porto Alegre orgulha-se pelo mais novo Cidadão desta Cidade, com o título outorgado nesta Sessão Solene. É uma honra para todos nós.

Convidamos a todos para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(É executado o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h47min.)

 

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